TEZON Software

O ano é 1994, época dos computadores 386 e 486. MS-DOS era o sistema operacional mais utilizado. O Windows 3.1 ainda era pouco difundido. Não havia conexões de internet por aqui e eu ainda estudava para concluir meu segundo grau.

Um grupo de calouros de Engenharia Elétrica da UFPR - Rodrigo Robles e Marcos Zagonel - que possuía conhecimento de programação, resolveu se unir para criar softwares. Utilizando as linguagens C e assembler no compilador Turbo C 2.0, eles criaram seu primeiro programa comercial: o Vestiba. Assim nasceu a TEZON Software.

Empolgado com o projeto, Rodrigo finaliza seu primeiro jogo pela Tezon: o Trevaskas. Em 1995, Marcos abandona a parceria e mesmo sozinho, Rodrigo inicia o desenvolvimento da versão 2.0 do Vestiba. Por um acaso do destino eu e o Rodrigo nos encontramos pelas ruas de Curitiba. Nós nos conhecíamos desde muito criança mas como nos mudamos para cidades diferentes, tínhamos perdido contato.

Ele me contou sobre a história da Tezon, percebeu que eu ainda estava envolvido com informática - tínhamos feito o mesmo curso de programação em linguagem basic em 1990 -, e me convidou para fazer parte do time. Mesmo não conhecendo a linguagem C, com seus ensinamentos, esta barreira foi superada rapidamente. Logo em seguida, seu irmão - Felipe Robles - que também tinha feito o mesmo curso de basic, uniu-se a nós. A equipe da Tezon estava completa. Todos tínhamos sofrido influência dos computadores Apple II e MSX, das revistas INPUT e Micro Sistemas. Falávamos a mesma língua!

Mudamos para o compilador Borland C 3.1 e após algum tempo o Vestiba 2.0 foi lançado. O nível técnico da equipe estava aumentando e a quantidade de softwares finalizados também. Foram produzidos: um criptografador de arquivos, uma cálculadora, um calendário, um remake do jogo pac-man e muitas outras ferramentas internas.

Durante 1996, o Rodrigo se dedicava a estudar sobre animações gráficas e 3D enquanto eu e o Felipe criávamos novas rotinas de interface gráfica e ampliávamos as funções de nossa framework. Com o retorno financeiro das vendas do Vestiba 2, investimos nossos esforços para a criação de uma aplicação para pequenos comerciantes: o Executive.

Não esqueça que não tínhamos acesso à internet e qualquer código que quiséssemos tinham que ser produzidos baseados em informações de livros - o que não é uma tarefa muito simples. Atualmente com as IDEs de programação tudo é muito prático. Naquela época, se você quisesse colocar um botão na tela, tinha que desenhá-lo - pixel a pixel.

Com uma framework mais madura - versão 2.0 - e possuindo um conjunto de aplicativos e de ferramentas de apoio, o desenvolvimento do Executive ocorreu de forma mais suave. Em 1997 seu sucesso de vendas foi tanto que éramos contratados frequentemente para expandi-lo para algum negócio específico: panificadora, escola, etc. Já nessa época utilizávamos os gráficos de Carla Migliorini em nossas produções.

Já em 1998 a Tezon mudou para o compilador DJGPP 2.1. Este nos permitia trabalhar em modo protegido, com 32 bits e com memória virtual, o que nos fazia romper com uma série de limites do compilador antigo. Acesso irrestrito à memória, multi-tarefa, manipulação de grande quantidade de imagens e sons. Jogos como Max Fight II, Navy e um remake do Lode Runner puderam ser feitos com a nova versão da framework e seus avanços.

Havia muitos planos e projetos para serem executados e nossa API facilitava muito os desenvolvimentos. Infelizmente cada um dos membros da equipe teve que se dedicar a outras atividades... No final de 1999 a Tezon interrompeu indefinidamente suas atividades.

Foram muitos anos de diversão e aprendizado. Conseguimos muito partindo de muito pouco. Me orgulho de ter feito parte desta equipe e como forma de reverência ao que alcançamos, dedicarei diversos posts para eternizar estes momentos.

Hail brothers from Tezon!